O lado gay do Punk

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A repentina partida de Kid Vinil e a descoberta post-mortem de sua homossexualidade pôs em xeque a efemeridade da vida. Afinal de contas, 30 anos de relacionamento com seu parceiro e quase ninguém sabia. Até mesmo por que deveria saber? Mas o que colocamos em questão aqui é o fato de se declarar um “não” a regras, justamente ao modo punk, movimento em que o próprio Kid foi precursor em Sampa. Aliás, o nosso boy, por toda sua existência, foi um grande incentivador de bandas punk rock e pós-punk paulistas.

Mas, seja lá qual tenha sido a motivação para que Kid ocultasse (e muito bem) sua orientação sexual, a verdade é que o Punk, apesar de ser visto como o “tosco” no mundo rocker, teve uma ramificação, lá nos anos 80, com fortes elementos da militância LGBT. O chamado Queercore foi iniciado para mostrar a insatisfação com a sociedade em relação à desaprovação à comunidade gay. Com a onda, surgiram bandas como The Dicks, Big Boys, The Apostles, entre outras aí.

E, last but not least, muitos caras do punk rock eram homossexuais ou bissexuais declarados. Separamos uma lista. Olha só:

Jello Biafra (EX- Dead Kennedys)-  Ativista gay mas que, apesar de já não termos o Dead, continua fazendo barulho defendendo a causa LGBT. Inclusive, certa vez, se candidatou à Prefeitura de San Francisco, nos EUA, ficando em quarto lugar.

Lou Reed (Velvet Underground)- Descobriu sua homossexualidade aos 17 anos e sua família judia obrigou nosso ícone punk a passar por um processo de “cura gay” à base de um tratamento de choque. É claro, ele permaneceu gay e encantando multidões com seu trabalho.

Iggy Pop-  Com seu mix punk-pop-glam, há quem diga que teve um caso com o David Bowie, também tido como bissexual.  Aliás, na canção “Candy”, clássico dos anos 90 ele forma um incrível dueto com Kate Pierson (B-52´s), que é declaradamente homossexual.

Billie Joe Armstrong (Green Day)- Assumiu sua bissexualidade e, uma vez, comentou em entrevista à Revista Advocate: “Eu acho que as pessoas nascem bissexuais e nossos pais e sociedade meio que tentam nos desviar disso e nos incutir a ideia de que é proibido”.

Peter Shelly (The Buzzcoks)-  Logo de cara, a banda emplacou nos anos 70 com o hit “Ever Fallen in Love With Someone (You Shouldn’t’ve Fallen In Love With)?, o que, para muitos, insinuava sobre a bissexualidade de Shelly. Mais tarde, em 1981, ele, que já se amarrava num pop, entrou em onda solo com um dance “Homosapien” que foi banido pela BBC por apresentar “referência explícita ao sexo gay”.   
E aí? Ser punk é atitude, ou não necessariamente?
See ya!

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