O Rock errou?



 
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Em tempos de “Fora Temer”, há muito se especula a respeito da postura que o cidadão brasileiro deve ou deveria tomar ao se manifestar a favor ou contra uma determinada decisão política. O que vamos falar aqui não é nada de novo se formos promover um momento flashback musical, afinal de contas, metalinguisticamente falando, o Rock´n Roll lança mão de instrumentos e serve de instrumento para registros históricos no mais apurado estilo atitudinal de ser. Temos o Rock dos anos 80 que expressa os anos da ditadura, há também a época da década de 70 da liberação sexual, a de 90 com a era Collor e os caras pintadas... E nossos tempos atuais? Como estão?
Com a votação que acabou por manter nosso presidente no Poder, muita gente que o queria fora do cargo se frustrou demonstrando isso nas Redes Sociais e se entregando a uma confessa situação de desesperança. Se pararmos para pensar veremos que, em épocas quando éramos mais silenciados -como nos anos da Ditadura-, conseguíamos nos expressar nas canções. Mas o que acontece agora que nosso Rock não demonstra mais aquela rebeldia e indignação? Seria por conta da falta de incentivo cultural o que geraria a repetição de moldes que acabam por reproduzir o mainstream de forma a assegurar cifras e popularidade? Isso porque as bandas autorais que surgem  são caladas em sua autenticidade. Tudo isso também para garantir a máquina do showbizz funcionar e anestesiar o cidadão comum. É mesmo um ciclo vicioso: bandas não incentivadas geram trabalhos comuns que derivam em uma suposta situação de falta de senso crítico. E aí, o governo agradece. Mas e aí, o Rock tá errando? Devemos sucumbir a isso?
Veja como as letras dos anos 70 a 90, por exemplo, traziam toda aquela atitude rock´n roll:

Sociedade Alternativa (Raul Seixas)- 1974
“Se eu quero e você quer/ Tomar banho de chapéu/Ou esperar Papai Noel/Ou discutir Carlos Gardel/Então vá!/Faz o que tu queres...”
Esse tal de Roquenrou (Rita Lee)- 1975
“Ela não quer ser tratada, doutor/E não pensa no futuro/E minha filha está solteira, doutor/Ela agora está lá na sala/Com esse tal de Roquenrou...”
Até quando esperar (Plebe Rude)- 1983
“Com tanta riqueza por aí/ onde é que está/ Cadê sua fração?” e “Até quando esperar/ a plebe ajoelhar/ Esperando a ajuda de Deus...”
Inútil (Ultraje a Rigor)- 1985
“A gente não sabemos / Escolher presidente / A gente não sabemos / Tomar conta da gente / A gente não sabemos / Nem escovar os dente...”
Alvorada Voraz (RPM)- 1986
“O caso Morel/ O crime da mala/ Coroa-Brastel/ O escândalo das jóias/ E o contrabando/ E um bando de gente/ Importante envolvida…”
Veraneio Vascaína (Capital Inicial)- 1986
“Porque pobre quando nasce com instinto assassino/ Sabe o que vai ser quando crescer desde menino/ Ladrão pra roubar, marginal pra matar/ Papai eu quero ser policial quando eu crescer...”
Brasil (Cazuza)- 1988
“Grande pátria / Desimportante / Em nenhum instante / Eu vou te trair / Não, não vou te trair” e “Não me ofereceram / Nem um cigarro / Fiquei na porta / Estacionando os carros...”
Política Voz (Barão Vermelho) -1990
“Eu não sou a porca que não quer atarraxar/ E nem a luva que não quis na sua mão entrar/ Eu sou a voz que quer apertar o cerco e explodir/ Toda essa espécie de veneno chamado caretice...”
 Luiz Inácio (300 picaretas)- 1995
“Eles ficaram ofendidos com a afirmação /Que reflete na verdade o sentimento da nação / É lobby, é conchavo, é propina e jeton / Variações do mesmo tema sem sair do tom...”
 Perfeição (Legião Urbana)- 1993
“Vamos celebrar nosso governo/ E nosso Estado, que não é nação/ Celebrar a juventude sem escola...”

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