Depois de um período literalmente gestacional quando
Morrissey esculachou, em fevereiro último, a primeira-ministra escocesa Nicola Sturgeon e ocasionou a saída de boa parte
de seu público durante um show em Glasgow , o britânico, desta vez,
optou por apenas cantar e usar a linguagem corporal para expressar, pasmem, afeto
aos fãs no show desta sexta-feira, dia 30 de novembro na Fundição Progresso, no
Rio. Moz, conhecido por ser “falastrão”
e rasgar o verbo com seus conceitos fundamentalistas -incluindo o escrachado
apoio ao Brexit- apertou as mãos de dezenas de fãs e até distribuiu autógrafos
pela plateia esbanjando uma atmosfera bittersweet, já que, contraditoriamente,
suas letras não escapam à acidez e à amargura, fatores peculiares em todas as
suas obras, desde quando estava à frente dos The Smiths. A sequência no setlist
não fugiu dos moldes dos últimos shows pela América do Sul mas, por outro lado,
mais uma vez, deixou de lado muitos clássicos de sua carreira. No repertório,
rolaram cover dos Pretenders (Back on the Chain Gang) e canções de seu último
álbum “Low in High School”, de 2017.
Aliás, o sacerdócio de Morrissey realmente parece ter
recebido fiéis de várias idades ao longo das últimas gerações. Uma plateia hipnotizada
e reflexiva deu um show à parte com refrões existenciais e ideológicos como “No
bus, no boss, no rain, no train/No emasculation, no castration” em "Spent the
Day in Bed" e “The bullfighter dies/ And nobody cries” em “The Bullfighter Dies”.
Um
momento “fofo” do show foi a recorrente lembrança no telão de figuras icônicas
como a exibição de uma foto de Joey Ramone vestindo uma camisa com a inscrição
do nome Morrissey, acompanhado de Dee Dee, enquanto rolava “Hold on to Your
Friends”. Na cover dos Pretenders, também não faltou a beleza juvenil de uma
Chrissie Hynde ainda garota. Tudo para não perder o espírito de nostalgia e
melancolia.
Em Dial-a Cliché (Disque- Clichê), atrás dele, em
letras garrafais a frase “What would you do if you weren´t afraid? (O que você
faria se não tivesse medo?). Aí, sim. Morrissey sendo Morrissey.
Finalizando o show, "Everyday is Like Sunday", cantarolada por muitos até
depois do show na gigantesca fila de merchs oficiais, seguida de “First of the
Gang to Die”. Quase duas horas de apresentação, sem firulas, sem grito de ordem
ou algo que o valha, mas uma legião (que o diria Renato Russo) de seguidores
que não precisavam de mais nada além de sua letra musicada e do clima de afeto.
É. Quem diria que estaríamos falando assim de Morrissey um dia?
Confira aqui o setlist:
- William, it was really nothing
- Alma Matters
- I wish you Lonely
- Is it really so strange?
- Hairdresser on Fire
- Sunny
-How Soon is Now?
- Back on the Chain Gang
- The Bullfighter Dies
- If you don´t like me, don´t look at me
- Munich Air Disaster 1958
- Dial-a-Cliché
-Jack, the ripper
- Hold on to your Friends
- Break up the Family
- Spent the Day in Bed
- Life is a Pigsty
- Something is squeezing my Skull
- Jacky´s only Happy when she´s up on the Stage
ENCORE:
- Everyday is like Sunday
- The first of the Gang to die
Confira aqui o setlist:
- William, it was really nothing
- Alma Matters
- I wish you Lonely
- Is it really so strange?
- Hairdresser on Fire
- Sunny
-How Soon is Now?
- Back on the Chain Gang
- The Bullfighter Dies
- If you don´t like me, don´t look at me
- Munich Air Disaster 1958
- Dial-a-Cliché
-Jack, the ripper
- Hold on to your Friends
- Break up the Family
- Spent the Day in Bed
- Life is a Pigsty
- Something is squeezing my Skull
- Jacky´s only Happy when she´s up on the Stage
ENCORE:
- Everyday is like Sunday
- The first of the Gang to die
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